Museu do Samba e grupo Matriarcas do Samba participam da Temporada Cultural Brasil-França 2025
- jeanclaudiosantana
- 17 hours ago
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O Museu do Samba e o grupo Matriarcas do Samba participam, até 30 de maio, da Temporada Cultural Brasil-França 2025, com atividades de intercâmbio cultural e educação patrimonial, além de shows e rodas de samba. Formado pelas netas de Cartola e Clementina de Jesus e pela filha de Candeia (respectivamente Nilcemar Nogueira, Vera de Jesus e Selma Candeia), o trio vocal Matriarcas do Samba fará um show nos jardins do Museu de Toulouse, às 10h de domingo, 18 de maio. Depois embarcam para Chipe, no Mar Mediterrâneo, onde comandam três rodas de samba, nos dias 25, 27 e 29 de maio, em Kourin, cidade considerada Patrimônio Mundial pela Unesco e candidata a Capital Cultural da Europa em 2030.
As atividades fazem parte do “Projeto Nova Onda – Ancestrais do Futuro”, uma parceria do museu carioca e da Samba Résille, organização cultural francesa sediada em Toulouse. O projeto, por sua vez, integra a agenda oficial da Temporada Cultural Brasil-França 2025, que acontece em mais de 50 cidades da França e é realizada conjuntamente pelo Comissariado Brasileiro, o Instituto Guimarães Rosa do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, pelo Ministério da Cultura do Brasil, e pelo Ministério da Cultura da França e o Instituto Francês.
Neta do compositor Cartola e fundadora do Museu do Samba, que funciona em um dos acessos ao Morro da Mangueira, Nilcemar Nogueira explica que o projeto Nova Onda – Ancestrais do Futuro tem como base o resgate e o fortalecimento dos saberes e memórias ancestrais, valorizando a força das mulheres.
“O Museu do Samba foi o responsável pelo estudo e pelo processo que levaram o Iphan a declarar o samba do Rio de Janeiro como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil e nossa missão é valorizar o sambista, seu estilo de vida e sua força cultural; nesta viagem vamos trocar experiências de educação patrimonial, preservação de acervos de memória e, como não poderia deixar de ser, levar nosso ritmo, com um repertório de partido alto, samba de terreiro e samba-enredo, que são as matrizes do samba do Rio”, afirma Nilcemar Nogueira.
”O projeto Nova Onda – Ancestrais do Futuro celebra o papel essencial das mulheres na criação cultural, e o extraordinário legado das culturas crioulas nos ritmos musicais; e aposta numa transmissão de memórias carnavalescas entre as gerações, valorizando espaços de criatividade e resistência como estratégia de construção de um futuro mais sustentável e inclusivo, do ponto de vista cultural, social e ambiental”, completa M. Hamza Medkouri , diretor da Samba Résille.
Show e rodas de samba

O repertório das apresentações das Matriarcas do Samba terá como base grandes sucessos de Clementina de Jesus, Antônio Candeia e Cartola. São clássicos como O mundo é um moinho e O sol nascerá (Cartola), Testamento de partideiro e Preciso me encontrar (Candeia), Marinheiro só e Na hora da sede (Clementina de Jesus), além de músicas de Ivone Lara, Beth Carvalho e Leci Brandão, e sambas-enredos antológicos do carnaval do Rio de Janeiro. Tanto no show como nas rodas de samba, as artistas contarão com a participação de músicos locais.
“Estamos orgulhosas e ao mesmo tempo ansiosas; levar o legado do meu pai, assim como o de Clementina e Cartola, é uma responsabilidade muito grande, é um momento de resistência e exaltação à nossa cultura, à cultura desses brasileiros e brasileiras que criaram uma arte que o mundo inteiro admira e quer apreciar”, emociona-se Selma Candeia.
Educação patrimonial e gastronomia

Além dos concertos, estão previstas visitas a instituições e trocas de experiências bilaterais na área de museologia e cooperação em pesquisa. Outro destaque será a participação em um encontro de culinária preta ancestral. Na ocasião, Selma Candeia e Vera de Jesus, que também são “yabás do samba”, vão preparar uma das receitas servidas na Feira das Yabás, evento mensal de gastronomia do samba que acontece em Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio.
“A ideia é preparar o doce de abóbora com coco da minha avó Clementina, que é o carro-chefe da minha barraca; é tudo feito do jeitinho dela e sempre faz sucesso. Você não imagina como está meu coração, imaginar que um doce de vó feito em uma cozinha pobre do subúrbio seria destaque na Europa”, revela Vera de Jesus.
“Vamos mostrar os projetos de educação patrimonial desenvolvidos no Museu do Samba e nossas ações voltadas aos sambistas e à inclusão social de comunidades e artistas das periferias; estamos trazendo na bagagem, por exemplo, dois de nossos mais recentes projetos na área de preservação de memória, que são os livros e “Yabás do Samba – Memórias e Receitas” e “Memória das Matrizes do Samba”, que será lançado em junho e que apresenta nosso catálogo de acervo oral, com depoimentos de 180 grandes nomes do samba brasileiro”, antecipa Nilcemar Nogueira.
Sobre a Temporada Cultural Brasil-França 2025
A Temporada Cultural Brasil-França 2025 foi criada após encontro dos presidentes Emmanuel Macron e Luiz Inácio Lula da Silva, no ano de 2023. Tem como objetivos dar novo impulso à relação bilateral entre os países, que celebra 200 anos em 2025, e de fortalecer as ações comuns diante dos desafios políticos, sociais e ecológicos da atualidade.
A programação conta com mais de 300 eventos em mais de 50 cidades da França, entre abril e setembro deste ano. Além de atrações artísticas e multiculturais, a agenda inclui atividades de cooperação acadêmica, científica, tecnológica, educativa e ambiental. A coordenação da temporada brasileira na França é realizada conjuntamente pelo Comissariado Brasileiro, o Instituto Guimarães Rosa do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, pelo Ministério da Cultura do Brasil, e pelo Ministério da Cultura da França e o Instituto Francês.